Ridículo.

A primeira coisa que abandonei,joguei pela janela,quanto cheguei ao período denominado
terceira idade,foi o senso do ridículo.

Não posso me dar ao luxo de ficar carregando esse negócio cheio de melindres,etiquetas,quando o tempo que me resta é bem menor,comparado com o tempo passado.
Mesmo que eu desejasse ser uma velhinha com bons modos,outros fatores não contribuem muito para que isso aconteça...

A perda gradual da visão,que me faz usar esses óculos com lentes de escadinhas,ja proporcionou muitas quedas hilárias...sempre que acontece,eu tenho crises de riso.

A diminuição da coordenação motora...faz aumentar o tempo que eu usava para realizar determinadas tarefas,tenho que fazer tudo com mais atenção e cuidado...isso me causa
irritação.

A audição é um capítulo à parte: aqui em casa,virei motivo de diversão para alguns.
Quando os meus filhos caem na gargalhada,após uma resposta séria da minha parte,eu já entendo que o assunto era bem outro.

Em janeiro deste ano,passei por uma cirurgia,e por conta disso,tenho que realizar testes e exames em períodos de quatro meses.Na última segunda,estive na clínica para realizar a primeira bateria pós operatória,ou seja:

Participar de mais um grande festival de " Paga Micos "

Aquela roupinha ordinária que pedem pra gente vestir antes de iniciar os exames...
queria conhecer o gênio de desenvolveu aquela numeração tamanho único/pequeno...
cobre apenas um quarto da massa corpórea,o resto fica na maior liberdade.

Não sou moralista,nunca fui,até já me propus a realizar os exames sem nada,mas aí,não pode,é anti ético.Não entendo o que ética,tem a ver com o constrangimento
que fazem a gente passar dentro daquelas "roupinhas",atualmente descartáveis,que já entram na gente rasgando...

Imaginem a cena: eu, com os meus treis de dígitos de peso,vestindo um negócio que mal vestiria uma garota de 14 anos,bem magrinha.
Adentrei a sala dos exames,me sentindo uma espécie de super heroína,nua,mas gloriosa com a sua capinha voadora.

Não me peçam pra ter bons modos,nem senso do ridículo.